Primeiro derby columbófilo decorreu acima das expectativas
Partiram de Talavera, Espanha, às seis e meia da manhã. Três horas e meia e 350 quilómetros depois chegaram ao Cartaxo. Os pombos-correio, atletas de alta competição, foram as estrelas do primeiro derby capital do vinho.
“Vem aí um pombo”, avisa o tratador Francisco Duarte “filho”. Francisco Duarte “pai” começa a apitar. “É para eles saberem que estão a chegar a casa”, explica. O público, que aguarda para lá da rede que protege o pombal comum, no sítio das pratas, no Cartaxo, local de chegada dos atletas de alta competição, forma num enorme aglomerado.
Os proprietários dos pombos em competição, mas também alguns curiosos, querem ver a chegada dos campeões do “I Derby de Columbofilia – Cartaxo – capital do Vinho”. Mais de duzentos pombos foram lançados em Talavera, Espanha, e os primeiros começam a chegar. Três horas e meia e 350 quilómetros depois.
“Ralha com eles”, diz João Carlos, o “treinador”, aos dois tratadores”. A ideia é que os animais entrem no pombal, local de chegada, à medida que vão atingindo a “meta”. O primeiro a chegar à zona da prova vinha isolado, mas não entrou no pombal. Seguiu-se a chegada gloriosa de um bando vencedor. À medida que os animais vão entrando os resultados vão sendo processados de forma automática através de um sistema informático a cargo de uma empresa especializada.
Para vestir a camisola de treinador João Carlos teve que deixar os seus pombos de parte. Ficou com a responsabilidade de treinar os pombos de competição, ainda borrachos, desde as três semanas de vida. Este método dá aos pombos a mesma possibilidade de vencer dado que concorrem todos para o mesmo pombal e são conduzidos por um equipa que os coloca em igualdade de circunstância. “É fascinante ver a beleza deles e observar o meio ambiente. Tudo isso cria uma paixão que temos pelo pombo”, descreve João Carlos.
“Vai lá para dentro, vai para dentro”, diz Francisco Duarte. O pai, reformado da Impormol, 63 anos, e filho, operário na mesma fábrica, 36 anos, apaixonaram-se pela columbofilia em 1986 durante umas férias na praia da Consolação. Começaram a levar pombos para casa e hoje têm um pombal com 70 animais, um número pouco significativo a avaliar pelo que têm outros columbófilos.
Pedro Lopes, relações públicas internacional da prova, já tem 200 em casa. Começou aos 14 anos. “Nós criamos os atletas como se fossem filhos. Somos treinadores de alta competição. Temos que ser psicólogos e compreender as motivações dos pombos. Temos que aprender essencialmente a respeitar o pombo”, explica.
A capacidade de orientação do pombo-correio, que em tempos antigos transportava informações, é um dos fascínios dos columbófilos. “Onde quer que seja solto o pombo volta a casa, sendo a prova maior que nós temos “Portugal – Barcelona” que dá para o Cartaxo cerca de 950 quilómetros”, diz Pedro Lopes. Há pombos mais vocacionados para provas de velocidade e os que participam nas provas de fundo. Cabe aos criadores fazer o apuramento da raça jogando com pombos “campeões”.
Para os dois tratadores, pai e filho, esta foi a oportunidade de trabalhar em instalações de qualidade. O pombal comum onde são recebidos foi construído especificamente para o evento.
A capacidade de resposta dos pombos não deixa Francisco Duarte tirar os olhos do céu à procura de mais atletas. “São soltos a tantos quilómetros e vêm cá ter com as condições atmosféricas mais adversas e com os perigos dos fios e das águias. Podem ter o azar de beber água contaminada e nunca mais cá chegar. São os nossos Cristianos Ronaldos”, diz com humor.
Para o presidente da direcção do Grupo Columbófilo do Cartaxo, a entidade responsável pela organização do evento que contou com vários apoios, a corrida de pombos-correios ultrapassou as expectativas. “É um derby de futuro e de referência”. João Nunes acredita que a “columbofilia espectáculo” será o futuro e a oportunidade de tirar a actividade do isolamento a que se votou. É também a “corrida” ideal para quem não tem tempo nem condições para ter pombos.
Os campeões da prova
O primeiro pombo a ser registado, da Team Gold Alentejano, de Monte Trigo, chegou às 9h56m44. Na tabela de classificação do “Derby de Columbofilia Cartaxo – Capital do Vinho” seguem-se “Os Marretas” de Alverca (9h57m22) e Francisco Mata Torres, do Cartaxo (9h57m23). Georgino José Ribeiro, de Azambuja, ficou em quarto lugar (9h57m24) e António Gonçalves & Rui Filipe, de Almeirim, em quinto (9h57m26m). O 169º pombo a ser foi registado, de um concorrente da Bélgica, chegou às 12h28. A lista de chegada completa pode ser vista em http://www.loftgest.com/class/derbycartaxo2009/main03-13-5.htm.
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