Criador de pombo-correio lamenta uso de pombos de rua a favor do crime

Criador de pombo-correio lamenta uso de pombos de rua a favor do crime

Criadores de pombos-correios lamentaram a notícia de que algumas aves estão sendo usadas a favor da criminalidade, como mostrou uma reportagem do Jornal Nacional na segunda-feira (23). Na penitenciária de Marília, a 444 km da capital paulista, presos criavam pombos para que transportassem drogas e peças de celulares.

“Já ouvi falar (sobre esse uso dos pássaros), mas nunca tinha constatado nada disso. Usamos o pombo-correio para levar mensagens ou em competição, mas tem gente que tira proveito disso”, afirmou na noite de segunda-feira (23) o criador Felix Ângelo Buonafine.

Presidente da Sociedade Columbófila A. Rolinha, com sede em São Paulo, Buonafine admitiu que é difícil controlar os criadores clandestinos, que nem sempre usam o pombo para a prática do esporte. “Quando a gente descobre, procuramos reprimir, mas é difícil”. Buonafine estima que existam cerca de 3 mil criadores oficiais no país.

Ele contou que há 20 anos essa comunidade chegou a ser alertada pela polícia de que os uso dos pombos poderia ser criminoso. “Pediram para a gente ter mais critérios com relação aos sócios (novos). Desconfiavam de algo. Mas sempre tomamos cuidado”, disse Buonafine, em referência às pessoas que pretendem se filiar nas federações e entidades criadoras de pombos-correios.

Também integrante da Sociedade Columbófila A. Rolinha, Brasílio Marcandoro Neto garantiu que as aves exibidas na reportagem não eram pombos-correios. “Aquilo era pombo comum. O bico do pombo-correio é mais desenvolvido e a plumagem, mais bonita”, explicou.
Os criadores contaram que qualquer um pode criar um pombo e ensiná-lo a sempre voltar para casa, porque as aves fazem isso por instinto. No caso da penitenciária de Marília, o ninho era ali mesmo. Além da diferença na aparência, outro detalhe que distingue uma ave de competição é que ela vem com anilha de identificação.
Uma ave desta espécie pesa em torno de 350g e não poderia carregar mais do que 100g. Buonafine lembrou que o controle da prática de levar e trazer mensagem por meio dos pombos é antiga. “Na Revolução de 32 (Revolução Constitucionalista de 1932), os militares controlavam os pombos-correios. Proibiam para evitar mensagens perigosas de inimigos”.